A idade do "Yu-Gi-Oh!!"

Alguém no forúm da Diver lançou a dúvida sobre a idade para se jogar este jogo e lembrei-me de escrever este artigo.

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Existe alguma idade certa para se jogar Yu-Gi-Oh!!?
Parece fácil a resposta, mas para ser correcta o tema em causa tem de apreciado sobre duas vertentes.
1) Desde logo, face à efectiva complexidade do mesmo, qual deveria ser o seu público alvo?
2) A quem é que o mesmo se encontra a ser dirigido?

Em relação à primeira, pese embora os muitos jogadores novos que por aqui andem, vão me desculpar, mas a complexidade a nível de regras deveria levar este jogo a ser dirigido a uma faixa etária muito mais próxima dos 15 anos para cima, mas mesmo com particular incidência em pessoal universitário.
Basta ver na descomunal tarefa que é alguém se aperceber de todas as regras, para depois a tentar aplicar a uma específica situação, que levanta sempre enormes dúvidas, idas ao Ronin, constatação que ele também não ajuda, discussão, etc.. (não batam mais nos árbitros que isto é mesmo complicado).

O segundo ponto tem muito a ver com o primeiro, porque demonstra como o jogo se encontra mal dirigido.
Se é assim como eu acima referi, vemos, no entanto, que o público-alvo do produto Yu-gi-Oh! é uma faixa etária compreendida entre os 8 e os 14. Não falo em Portugal, mas sim nos Estados Unidos e como importamos tudo o que se relaciona com este jogo, levamos por tabela.

Um intervalo para uma pequena história…
O jogo é originário do Japão mas o mesmo nunca se destinou naquele país a um público tão jovem, mas sim ao pessoal universitário, onde o mesmo obtém grande acolhimento.
Na altura em que o mesmo foi exportado para os Estados Unidos, a Upperdeck em conjunto com a Konami aperceberam-se que nessa faixa etária reinava de forma suprema o Magic the Gathering e idealizaram uma jogada económica simples.
Para quê tentar ganhar mercado nesse sector, quando havia um sector enorme por explorar, nos miúdos que já não gostavam de Pokemon mas ainda não jogavam M.TG.?
E assim começaram por adulterar todo o “produto” Yu-gi-Oh! dando-lhe uma característica mais juvenil, retirando os elementos que os paizinhos dos mesmos pudessem achar violento.
Assim o anime que nós vamos vendo por cá sofreu brutais cortes, destituindo-o de sangue, cruzes, falas e outras situações. Basta ver um episódio japonês para nos apercebermos da diferença.
Nas cartas, …bem nas cartas… nada como irem a um site que eu já aqui referi em tempos e que ilustra o que fizerem ao artwork das cartas, tudo para não chocar consciências.

Voltando ao que estava a dizer, estamos então perante um jogo de cartas que está, desde logo à partida, dirigido a um público mais jovem por puros critérios comerciais, com tudo o que isso traz de, aos olhos de alguns, negativo – eles são bonequinhos, carrinhos, cereais – e assim tudo um pouco aproveita a imagem Yu-Gi-Oh! para vender junto dos mais novos (que são uma das grandes forças do mercado, eles não mas os seus pais).
Associado a isto vem evidentemente o rótulo de que o jogo de cartas “é para os mais novos”, “é uma brincadeira de crianças”, etc, que exaspera muito dos verdadeiros jogadores.
Aqui não se nota tanto, mas acreditem que existem histórias nos Estados Unidos de jovens que têm vergonha de admitir que jogam, com medo de serem gozados e descriminados.

Dito isto, um conselho para todos os que jogam, esqueçam o carácter comercial associado ao nome “Yu-Gi-Oh!!!”, o jogo de cartas vale por si, não se assemelha nem de longe nem de perto a um jogo de crianças, bem pelo contrário e se vos diverte, e eu sei que sim, continuem.
Contem a pequena história e pode ser que alguns vejam o jogo com outros olhos.

P.S. Isto tudo o que eu falei não quer de modo algum dizer que as crianças ou os mais novos não o devam jogar, reparem que tenho um filho de 6 anos que o joga e eu só o incentivo a continuar.